Por Camila Frutuoso
Fotos: Camila Frutuoso
outubro/2016
Com o intuito de aproximar a Ciência da população brasileira, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), cujo tema foi “Ciência Alimentando o Brasil”, ocorre anualmente no período de outubro e é coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), por meio do Departamento de Difusão e Popularização da Ciência e Tecnologia (DEPDI/SECIS).
E para Propagar a Ciência, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Fármacos e Medicamentos (
INCT-INOFAR), em parceria com o Laboratório de Farmacologia e Imunidade (LaFI) – associado ao
INCT-INOFAR –, da
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), realizaram atividades de Difusão e Popularização da Ciência em Maceió, entre os dias 18 e 20 de outubro.
O trabalho feito através do "
INCT-INOFAR nas Escolas", realizado pela Secretaria de Extensão do Instituto, tendo a Pedagoga
Ana Cristina da Mata Silva como responsável, atendeu três escolas (duas públicas e uma privada), durante sua passagem por Maceió. Foi possível levar o conhecimento sobre o Uso e Descarte Seguro e Correto de Medicamentos a estudantes de baixa renda da cidade, através das articulações que a
Professora Magna Suzana (UFAL), líder do LaFI, estabeleceu com os colégios da região, para que pudessem receber a equipe do
INCT-INOFAR.
Foto: Camila Frutuoso |
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Com as palestras
“Uso Racional de Medicamentos: você sabe o que isso significa?”, apresentada pela doutoranda
Thayssa Tavares (
LASSBio-UFRJ) e
“Medicamentos na Adolescência: Como Evitar o Uso Abusivo e Promover o Uso Racional”, ministrada pelo também doutorando,
Max Viana (LaFI-UFAL), o
INCT-INOFAR pode esclarecer dúvidas e auxiliar a direção das escolas e os professores, para lidarem com situações onde a automedicação parte dos jovens alunos.
Na Escola Estadual de Ensino Integral Marcos Antonio Cavalcanti Silva, localizada no bairro Benedito Bentes, que é um dos maiores bairros do município de Maceió, e o mais populoso, com cerca de 88.000 mil habitantes, os estudantes do 8º ano do Ensino Fundamental e 1º ano do Médio se mostraram bastante interessados pelas palestras, durante as quais estudantes e pesquisadores puderam trocar informações e discutir o que fazem de errado no cotidiano, dentro e fora de casa. Além de aprenderam a diferença entre Medicamento e Remédio, as dúvidas de onde se devem guardar os medicamentos e do que são feitas as cápsulas de alguns comprimidos, também foram respondidas pela farmacêutica Thayssa Tavares. Os dois temas abordados funcionaram perfeitamente, pois o pesquisador Max Viana, falou sobre anabolizantes, medicamentos para cólicas, anticoncepcionais e medicamento para acne, que foi um dos assuntos que gerou bastante curiosidade por parte dos jovens.
Segundo o relato da diretora adjunta da Instituição de Ensino, Rosangela Rodrigues, houve o registro, no ano anterior, de um caso de automedicação dentro das dependências da unidade, onde uma aluna “medicou” duas amigas da turma e foi preciso uma intervenção médica, devido aos males causados pelo medicamento. “O uso de medicamentos não é uma questão simples, como eles passam o dia todo na escola (que é de horário integral), às vezes as meninas sentem cólicas menstruais e procuram a direção em busca de um medicamento. Nós, como orientadores, explicamos que não temos permissão de medicá-los, então entramos em contato com o responsável para que eles possam buscar seu filho. Caso seja um caso mais sério, logo encaminhamos para um posto de atendimento médico” - relata a professora de geografia.
No Colégio Fantástico, também localizado no bairro Benedito Bentes, todas as turmas do Ensino Médio assistiram às palestras, mas foram as turmas do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental que mais participaram, uma vez que, a cada exemplo citado, os pequenos associavam o que os pais faziam em casa de errado e se preocupavam em contar como eles deveriam, por exemplo, não tomar medicamento com refrigerante.
A coordenadora pedagógica do Colégio Fantástico, Alecssandra de Assis, falou sobre a importância de tratar o tema sobre Uso Racional de Medicamentos dentro das escolas: “acaba quebrando aqueles paradigmas relacionados aos medicamentos que eles (alunos) tanto têm. Eles acabam adquirindo o conhecimento e repassando para os pais. Ter esse contato com a ciência pode modificar atitudes, sendo esse um fato importantíssimo no desenvolvimento dos nossos estudantes”.
Segundo dados divulgados pelo MCTIC, em todo o Brasil, 470 municípios se inscreveram para a SNCT, foram 1.862 Instituições Cadastradas e 19.818 atividades realizadas. Sendo que dentro de Alagoas, 4 cidades organizaram atividades, somando 50 atividades em todo o Estado alagoano. Entretanto, nas três escolas por onde o
INCT-INOFAR passou, nenhuma havia promovido a SNCT antes, porém, pela primeira vez, a Escola Estadual de Ensino Integral Marcos Antonio Cavalcanti Silva organizou trabalhos pertinentes à semana, realizando, inclusive, uma feira de ciências.
A passagem do
INCT-INOFAR, pela Escola Estadual Professor Rosalvo Lôbo, firmou uma parceria entre a Professora Magna Suzana e a coordenação do colégio, para que os alunos, posteriormente, possam visitar as dependências do LaFI e conhecerem de perto como é a vida acadêmica. A professora de química, Adélia Virgílio de Araújo, pode notar, entre as alunas que assistiam a palestra, que a atenção das mesmas foi tomada durante as orientações sobre o uso de anticoncepcional.
Quitéria Guedes, que faz parte da equipe pedagógica da escola, relatou que houve um caso de automedicação dentro da unidade de ensino, segundo ela, uma estudante do 1º ano do Ensino Médio costumava passar mal durante as aulas e os professores começaram a investigar, descobrindo, assim, que ela fazia uso de
rivotril, medicamento vendido somente com prescrição médica. Diante da situação, a professora espera que com a informação disponibilizada, através da palestra, os jovens se conscientizem quanto aos perigos do uso indevido de qualquer medicamento.
Visando esclarecer os perigos e cuidados que se deve tomar ao se automedicar e, também, propagar as Ciências Farmacêuticas, o
INCT-INOFAR reuniu sua equipe da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com os pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), promovendo um intercâmbio cultural e trabalhando em prol de Difundir e Propagar a Ciência pelo Brasil, para informar e chamar a atenção de todos para os problemas relacionados à saúde e mostrar, aos jovens estudantes, que é possível eles se realizarem profissionalmente, uma vez que o ensino está ao alcance de todos.
Entrevista com a Professora Magna Suzana:
Como surgiu a ideia de realizar atividades de Difusão e Popularização da Ciência em Maceió?
Há algum tempo atrás, o Professor Eliezer J. Barreiro e a Professora Lídia Moreira, estiveram aqui (em Maceió) para uma banca de doutorado, e nós conversamos sobre fazermos esse tipo de trabalho de Divulgação Cientifica nas escolas, mas naquele momento ficamos apenas na conversa. Até que a Ana Cristina, que é a coordenadora de extensão do
INCT-INOFAR, me contatou. Prontamente eu aceitei, sem nem pensar, pois era algo que eu já havia me comprometido em fazer. Entendo a importância desse tipo de atividade.
O Uso Indevido de Medicamentos é um tema muito importante, como você avalia a abordagem dessa temática para ser tratada dentro das escolas?
Hoje consumimos medicamentos cada vez mais cedo, e de uma forma completamente desordenada. As famílias perderam os recursos naturais, como explicou a Thayssa quando falou da diferença entre remédio e medicamento. Recursos naturais, em situações que você não precisaria, necessariamente, usar um medicamento, onde uma compressa de gelo, por exemplo, resolveria, não são mais usados. Cada vez mais as pessoas estão consumindo medicamentos, então é um tema relevante por causa desse consumo exagerado, de tudo e qualquer coisa, e dessa cultura que temos, onde as pessoas não procuram um médico e acabam se automedicando. Passar isso para os alunos é extremamente importante, porque eles vão e falam, eles são um dos melhores disseminadores de conhecimento. Essas ações tem um papel importante e social, pois você pode mudar comportamentos.
A vontade e a disponibilidade de continuar o trabalho em Maceió é muito grande, quais são os próximos planos?
De imediato, conversei com a coordenação da Escola Estadual Professor Rosalvo Lôbo, uma vez que muitos alunos pediram para retornarmos. É uma escola pública e esses estudantes são de baixa renda. É possível resgatá-los e, dentro do contexto
do INCT-INOFAR, temos muitos outros temas que podemos abordar. Além de incentivá-los a seguirem uma carreira farmacêutica, uma carreira como cientista. Basta ter um incentivo.
E o laboratório está de portas abertas para esses alunos?
Com certeza. Além dessas atividades que desenvolvemos ao longo da Semana Nacional, nós iremos dar continuidade a essas visitas com temas relacionados ao Uso Racional e outros, mas, além disso, acho muito importante pegar esses meninos e levá-los ao laboratório, para mostrar como é o dia a dia de um cientista, de um laboratório de pesquisa. Mostrar como funciona os cursos de graduação dentro da UFAL, porque a ideia que eles tem é bem diferente da realidade. Qualquer um pode estar dentro da universidade, é isso que eu quero passar com essas visitas, o que é um pesquisador, o que é a Ciência e como ela é feita.
Membros do INCT-INOFAR que atuaram durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia:
UFRJ – Ana Cristina da Mata Silva,
Ana Carla dos Santos,
Camila Frutuoso e a doutoranda
Thayssa Tavares.
UFAL – Os doutorandos
Mariana da Silva Santos,
Ana Carolina Santana Vieira,
Max Denisson Maurício Viana,
José Clementino Neto,
Marcela de Almeida Rabello Oliveira,
Morgana Vital de Araújo.
O mestrando
João Flavio Monteiro Silva.
As alunas de IC
Liliane Braga da Silva,
Gicele da Silva Dias,
Karoline Cristina Jatobá da Silva.
E a
Professora Magna Suzana Alexandre Moreira.