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MEDICAMENTO DE ALTO CUSTO CONTRA O CÂNCER PODE TER
GENÉRICO NACIONAL
INCT-INOFAR descobre nova rota de síntese para produzir o sunitinibe. A pesquisa visa estimular a produção do princípio ativo no Brasil

Pesquisadores do Instituto de Química da UFRJ associados ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Fármacos e Medicamentos (INCT-INOFAR) desenvolveram, em escala de laboratório, um modo eficiente para produzir o genérico do sunitinibe, princípio ativo do Sutent®, medicamento contra o câncer fabricado pela Pfizer. A descoberta da nova rota de síntese abre possibilidade para a produção nacional do genérico a um custo mais barato, quando a patente do medicamento expirar no Brasil.

Recomendado para combater certos tipos de câncer no rim, estômago e intestino, o Sutent® é um medicamento de alto custo – em torno de 11 mil reais a caixa com 28 comprimidos de maleato de sunitinibe 50mg – que ainda não faz parte do protocolo do tratamento de câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
  Molécula do sunitinibe em 3D

A pesquisa levou dois anos e meio e foi toda desenvolvida no Instituto de Química da UFRJ pela Dra Barbara Vasconcelos da Silva, juntamente com o seu orientador, o professor Angelo da Cunha Pinto. Para o especialista, a descoberta tem um impacto social importante, visto que muitos pacientes entram na justiça para obter do governo esse medicamento.

O custo mais baixo pode tornar o sunitinibe acessível a uma maior parcela da população brasileira, à medida que ele possa passar a integrar SUS” –observouo professor Angelo Pinto. No meio científico a descoberta da nova rota de síntese do sunitinibe é comemorada como um marco que atesta a competência brasileira na área dos genéricos.

É uma prova de que o Brasil pode produzir qualquer medicamento inventado em um país desenvolvido” – comemora o pesquisador, que teve que driblar as 472 patentes depositadas no mundo relativas ao sunitinibe, para descobrir um meio inédito de produzir a substância.

Na nova rota de síntese desenvolvida foram feitas substituições de reagentes e modificações das condições de algumas reações, de modo que o resultado da pesquisa gerou um produto final com rendimento superior ao descrito na patente da Pfizer.



Sunitinibe


O sunitinibe é considerado um tratamento eficaz e confortável, pois é ministrado ao paciente por via oral e não acarreta os tradicionais efeitos colaterais da quimioterapia.  Com um modo de atuação diferente e inovador – por agir como um inibidor da enzima tirosina-quinase – o medicamento tem dois efeitos: impede o crescimento de novos vasos sangüíneos que alimentam o tumor e ataca diretamente as células tumorais, evitando a sua multiplicação.



Economia com o genérico

Em 2010, o Brasil gastou quase 8 milhões de dólares com a importação do Sutent®, que teve a patente registrada no País, em 2005, pelo laboratório Pfizer. Com a descoberta da nova rota de síntese do sunitinibe, o Brasil pode, antecipadamente, preparar-se para produzir o medicamento, reduzindo assim seu custo de produção.

Em dezembro de 2010, os pesquisadores associados do INCT-INOFAR baseados no Instituto de Química da Unicamp concluíram a rota de síntese inédita da atorvastatina, princípio ativo do Lipitor®, medicamento mais vendido no mundo que acabou de expirar a patente no Brasil. Atualmente, o instituto tenta negociar a rota desta síntese com uma indústria brasileira.

Apesar dos avanços ocorridos em decorrência da Lei dos Genéricos, infelizmente, as empresas farmacêuticas brasileiras limitam-se a formular e a embalar princípios ativos importados de mercados distantes como China, Índia e Coréia. Com objetivo de tentar reverter esse “Caminho das Índias”, o INCT-INOFAR objetiva transferir a tecnologia da produção do sunitinibe, a fim de que a versão do genérico possa ser efetivamente produzida por uma indústria nacional. Uma contribuição valiosa dos seus cientistas para melhorar o acesso da população aos medicamentos.




Barbara Vasconcellos da Silva Barbara Vasconcellos da Silva

Professora Adjunta do Instituto de Química da UFRJ. Possui graduação em Química com atribuições tecnológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2007) e doutorado em Química pela mesma universidade (2010). Tem experiência na área de Química Orgânica, com ênfase em síntese de derivados da isatina, oxindóis e compostos contendo o grupo ferrocenil.


Angelo da Kunha Pinpo Angelo da Cunha Pinto

Professor Titular do Instituto de Química da UFRJ, bolsista de produtividade de pesquisa de nível IA do CNPq, Cientista do Nosso Estado da FAPERJ, Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências, Membro do comitê da CAPES da área de Química, Oficial Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Cientifico, Editor do Journal of the Brazilian Chemical Society e da Revista Virtual de Química.
Projeto CNPq nº 573.564/2008-6

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